domingo, 13 de junho de 2010


A Dreaming Kiss

(Tradução)


Lábios de vidro
Eles tocam profundamente
Gelado
Alegria encantadora
Os sonhos mortos
Eu tomo ao meu amor
Seu abraço me leva além da morte
Eu desejo...

Afundando na desgraça
Uma vida de sombras
Destruindo meus sonhos mortos
Mas apenas um beijo
Imploro a ti meu amor
Para secar minha fluente corrente de lágrimas
Eu desejo...

Infeliz é aquele que sofre
Por não haver conforto na morte
Apenas uma simples esperança...

Meu amor me deu mas não levou nada além de problemas
Talvez nos amamos um ao outro livremente
Sem medo do abandono
Me veja enquanto morro sem dor
Mil vezes
A doce
Doce agonia de minha existência
Sempre estive só?

Tristeza...
Um beijo de tristeza apaixonada
De um tempo para vir de união divina
Oh meu amor
Nos leve para nosso campo de ébano
Juntos estamos
Cercado pela lua e neve
Eu desejo...

Amada trevas
A ti imploro
Me dê um momento lúcido
De luxúria trágica
Um reino de prazer carnal
Um jardim de sonhos cristalinos

Autumn Tears

sábado, 5 de junho de 2010


Eu Me Perdi

Por que é difícil conhecer esse coração,

Alheio a quem eu sou,

E quem eu era antes de eu me perder?

E eu tento, eu desejo conhecer a mim mesma

E eu acabo achando tão difícil ser eu

E todas as palavras que eu não disse,

Os sonhos que eu já tive ou tenho hoje

E a dor que eu sinto e encaro, elas foram embora

As coisas que eu fiz, os jogos que joguei

Fizeram quem eu sou

Eu me acostumei a conhecer meus objetivos,

Alheios ao que eu quero

Eu sei que eu era forte antes de me perder

Veja minhas cores verdadeiras

E sinta meu verdadeiro coração, aquele que eu perdi

Esse é o meu rosto, esses são os meus olhos, o meu mundo, a minha vida

E tudo o que eu não fiz

Os sonhos que eu tive ou tenho hoje

E a dor que eu sinto e encaro, elas seguiram outra direção

As palavras que eu disse, os sorrisos que eu fingi

É isso o que eu sou e sempre serei



quinta-feira, 3 de junho de 2010


ANNABEL LEE

Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor -
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.


Tradução de Fernando Pessoa de ANNABEL LEE, de Edgar Allan Poe